
É tão difícil escrever este post quanto foi difícil acabar este livro.
Acho inclusive, que já comentei bastante sobre a minha experiência de leitura quando escrevi a nota de conclusão. A minha maior dificuldade, foi lidar com a minha própria melancolia, a qual o contato com a obra só fez acentuar.
Imagine que você está doente e passou meses em um hospital. Além disso, está lendo um livro que propõe um paralelo com a fábula bíblica do “Livro de Jó”. Como se não bastasse a coincidência, ele possui um personagem (não dou spoiler) que dramaticamente também passará por uma lesão e meses de recuperação lenta.
Entende o que eu quero dizer por “minha própria melancolia”? Não vou mentir, confesso que quase desisti, foi então que mais uma vez a literatura me fez bem fazendo mal. E, as aventuras narradas na história fizeram com que eu ao menos me relacionasse melhor com a minha própria. Foi assim que o livro rendeu, pois me forçar a lê-lo me fez crescer.
É a segunda vez que isto acontece, a primeira foi quando eu li “A Educação Sentimental” de Gustave Flaubert. Acho que sem querer, estou creditando à lista uma dimensão espiritual que a pobrezinha não possui. Deve ser coisa de pisciana…rs. Enfim, vamos ao que interessa, ou seja, as minhas outras dificuldades na leitura.
O texto é fluido, isto posto, não se trata de uma obra tão antiga quanto outras já abordadas pelo blog. Peço também um momento para fazer uma ressalva, pois quando falo que um texto é fluido, já levo em conta que trata-se de literatura clássica, e que você, leitor do blog, caso aventure-se ler, já leve isto em consideração.
Então, não briguem comigo caso Alfred Döblin não seja a cornucópia da última HQ do Wolverine, tá bom? (Quero deixar claro que amo HQ também!)
De volta ao livro, preciso mencionar algo mais: as peculiaridades da vida alemã impregnadas no texto.
Sim, existem algumas situações, trocadilhos e etc, que podem vir a passar batidas, caso não venham mencionadas na tradução. Então, se você se deparar com alguma fala ou situação que considere boba, leve em consideração que a história contada refere-se a uma população bem específica com costumes próprios e um peculiar jeito de ser.
Creio já ter feito todos os comentários pertinentes, portanto aproveito para fazer uma observação. Antes de ler o livro, todo mundo me falou da minissérie do Fassbinder. Eu ainda não assisti, e quero compartilhar com você leitor a satisfação que foi ler este livro.
Aconselho à você que ainda não assistiu a minissérie a ler o livro antes, e se engajar nos “experimentalismos” narrativos de Döblin apenas com a imaginação, sem ter um discurso imagético como referência. Vai por mim que vale a pena!