“Grandes Esperanças” – Guia de Leitura

Gwyneth Paltrow e Ethan Hawke em uma adaptação de “Grandes Esperanças”. Imagem: divulgação

Olá!

Depois de um grande jejum, minha doença me deu uma mini folga, ou talvez a quarentena pelo COVID tenha me feito surtar, já que eu sou triplamente qualificada como grupo de risco. De qualquer forma, descobri que havia esquecido de postar o Guia de leitura de “Grandes Esperanças”, peço desculpas e licença para enfim pôr as mãos à obra. Saudades de vocês! Vamos ao livro!

 

  • A primeira observação  é sobre a estirpe do autor. Ele é um dos grandes nomes da literatura inglesa. Sua importância e influência são como a de Shakespeare, a de Chaucer e etc. Então, antes de dar uma olhadinha no livro, ou durante sua leitura, recomento veementemente uma pesquisa sobre a vida e obra do autor. Acredite, vai te ajudar muito obter estas informações, pois você vai estar melhor situado quanto ao cânone da literatura inglesa e acrescentará tanto à sua vivência intelectual,como a sua visão de mundo. Não custa nada gente! Não fique só na orelha do livro. Charles Dickens é importante para humanidade inteira, não apenas por ser nome central da literatura em língua inglesa, a língua da nossa era. A grandeza da sua obra faz com que, em tese, ele deva ser um território a ser possuído por cada um de nós, então mergulhe em ambos, o autor e sua obra.

 

  • Prepare-se para doses generosas de glicose, e muitos clichês românticos. Isto não desmerece o autor e falando francamente, faz parte da literatura, do humano e de nossas vidas. São o refúgio das coincidências bem, ou mal, fadadas da vida que a ficção oferece. O refúgio tem vida própria. Cura, cresce, adiciona e nos faz superar dificuldades, bloqueios, frustrações e preconceitos. Por mais que você seja uma criatura cerebral ou descrente, se você já chegou a este texto é porque descobriu que querendo ou não, o sonho, o romance, a esperança, a fé, o bem, e o amor fazem parte da vida. Não resista e nem os desdenhe, assim como não o faça com este livro. Deixa rolar, a vida é uma só mesmo. Só deixe acontecer. Vem glicose!

 

  • Preste atenção na complexidade de alguns personagens deste livro, Eles são um espetáculo à parte, uma fonte inesgotável de artigos e estudos sobre a natureza humana. Não deixe de contemplá-los.

 

  • O livro é fácil e com estrutura convencional, não possui aquelas pirotecnias que hoje são usadas para disfarçar a pobreza de certas obras.

 

Estas são as minhas observações, Boa Leitura!

 

 

 

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”Grandes Esperanças” – Relatório de leitura

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A imagem veio daqui.

Como foi gostoso de ler! Claro que dada a minha doença, para a qual este livro foi uma distração agradável, já era de se esperar. Não posso esquecer que o anterior foi “Berlin Alexanderplatz”, então qualquer coisa depois seria obviamente mais leve.

Penso que neste caso o dilema de assistir ou não a alguma das suas adaptações cinematográficas é indiferente, pois a leitura é um prazer à parte. Mesmo porque nenhuma é totalmente fiel à fonte. Sempre existe uma diferençazinha aqui e outra ali. Ou seja, os filmes não são spoiler do livro.

Na trama existem clichês. Tem “a pobre menina rica”, o “rapaz pobre que se apaixona pela menina rica”, a irmã que funciona como “madrasta malvada”, o órfão e finalmente a “fada madrinha”. Nada disso me incomodou, porque quando percebi que seria assim, decidi mergulhar totalmente na história e comprar todas as suas premissas.

O vocabulário é simples, então não precisa ler com um dicionário do lado. E além de não ser rebuscado, não é longo. Não encontrei grandes dificuldades durante a leitura. É um livro fácil com uma história simples. E só!

“A morte de Ivan Ilich” – Guia de Leitura

 

Chega até a ser bobo escrever um  guia de leitura para um livro como este. “A morte de Ivan Ilich” é um livro tão curto! É provável que você o termine em um único dia. Por conta disso, vou escrever sobre dificuldades que tive, assim, você quem sabe o lerá mais rápido do que eu (levei um dia!).

 

  • Quando leio algum clássico de literatura russa acho muito difícil lembrara todos os nomes e apelidos dos personagens. As vezes o nome não tem nada a ver com o apelido, outra vez eles chamam o personagem pelo sobrenome, ou ainda colocam mais de um com o mesmo nome ou apelido. Portanto, aconselho a anotar em um papel os nomes. Também pode ser em um Post it, assim você deixa grudado no livro sem danificá-lo. Considero a melhor tática para quem está lendo o livro para a escola, faculdade e etc, e tem a necessidade de decorar os nomes ou comentar a obra com propriedade.

 

 

  • Este é um livro que começa pelo final (a morte de Ivan), e assim como em “Memórias póstumas de Brás Cubas” ele já entrega no título que o protagonista irá morrer. Apesar deste ser o principal acontecimento do livro, preste atenção também nas mudanças dos outros personagens no decorrer da história, pois facilita se o objetivo for uma análise acadêmica.

 

Espero ter ajudado com os meus comentários. Boa leitura!

“Berlin Alexanderplatz” – Guia de Leitura

 

Como escrever este guia de leitura? Principalmente se já no relatório confessei o quanto foi difícil ler o livro levando em consideração a situação em que eu me  encontrava.

Decidi que uma estrutura em tópicos será mais produtiva. Neste caso, mãos à obra:

  • É melancólico. Não adianta pensar que a minha doença e o fato de ter lido no hospital foi determinante para considerá-lo assim. Não foi. E não se preocupe também porque não é nada insuportável, mas já fique avisado e de espírito preparado antes de ler o livro, assim, o risco de ser pego de surpresa e resolver desistir da leitura diminuirá.

 

  • “Alexanderplatz” se refere a um lugar que existe de verdade em Berlim.  Aconselho a pesquisar à respeito. Quanto mais informações, mais rica a sua leitura, pois tudo que envolve aquele lugar diz respeito à esta obra em particular. Claro que se você nunca ouviu falar de “Alexanderplatz” pode ler o livro com tranquilidade e aproveitar. Agora, se você souber, isto enriquecerá a sua leitura, e em certo grau facilitará a compreensão da obra.

 

  • Recomendo também a leitura do “Livro de Jó” e alguma pesquisa à respeito dele, em busca de contextualização,  pois a estória se refere a este texto praticamente durante todo o livro. É como se no desenrolar do livro existisse uma ligação entre a narrativa e o “Livro de Jó”.

 

  • Algumas décadas depois de ter escrito o livro, o autor que era judeu, converteu-se ao catolicismo. Se levarmos em consideração que o “Livro de Jó” é um texto sagrado comum às duas religiões, ler a obra munida desta informação enriquecerá a sua proximidade com o trabalho do autor e a sua profundidade,

 

  • Geralmente as notas de rodapé da tradução trazem informações que auxiliam na imersão da narrativa. Preste atenção à elas. Algumas situações e trocadilhos provavelmente vão se perder no meio do caminho, pois eles tratam de um recorte bem regional e específico de um determinado país, e por mais que passe por diferentes classes, para  um estrangeiro algumas coisas continuarão não claras. Nada que comprometa a grandeza da obra, afinal de contas duvido que seja preciso aos gringos entender tudo de Machado ou Guimarães Rosa para apreciar a universalidade dos nossos escritores clássicos também.

 

  • Pesquise os movimentos artísticos que influenciaram a obra de Döblin como o “Expressionismo Alemão” e a  “Nova objetividade” (Neue Sachlichkeit).

 

  • Existe uma minissérie muito famosa sobre o livro dirigida pelo badalado Fassbinder. Acho que val a pena ler o livro e assistir a minissérie televisiva. Entretando recomendo a leitura do llivro primeiro. Foi o que eu fiz e não me arrependo. Assistir ao trabalho do fassbinder antes poderia influenciar a minha interpretação e limitar a minha imaginação.

 

  • A atmosfera do livro tem tudo a ver com o momento da história alemã retratado nele. Preste atenção a isso também e boa leitura!

 

Patinando no Gogol

Busto de Nikolai Gogol na Rússia. A imagem veio daqui.

Olha, não sei se sou eu ou é o livro mesmo, o caso é que está bem difícil de ler o tijolão. Tenho ficado desinteressada, fugido do livro ou me distraindo durante a sua leitura. Isso tem se repetido dia após dia. O que será?

De fato, não encontrei muita comédia até agora, e o romance não tem a mesma pegada da peça. Mesmo assim, continuo. Quem sabe não sou quem não está conseguindo captar a vibe do Gogol nesta história?

Estou no meio do livro. Conto mais a respeito no relatório de leitura, entretanto esta desaceleração do meu ritmo de leitura merecia o comentário. Escolhi comédia com um propósito: o de que o livro me desse fôlego. O que aconteceu foi que ele acabou o roubando de mim.

Não quero ser drástica, principalmente devido aos bons momentos no palco que Gogol evoca para mim, depois de tê-lo encenado. Tomara que este desânimo seja apenas um momento meu. Oremos!

“Lolita” – Nota de Início

Sue Lyon e James Mason na adaptação de 1962 de Stanley Kubrick – Lolita | Warner Bros

 

Taí um livro que suscita polêmica: “Lolita” de Vladmir Nabokov.

E o que mais sei sobre o livro além da polêmica?  Bom, sei que Nabokov era um exilado russo,  que possuía origens nobres. Era culto, de família bem relacionada, a qual penou bastante com revolução de 1917 e suas repercussões.

Contudo, não posso me esquecer de um detalhe bastante importante: dizem que ele domina a escrita em língua inglesa como poucos.

Polêmicas à parte, justamente por ser um romance que possui um tema tão controverso, imagino que deva se tratar de um livro muuuuuito bom.

Deve ser extremamente bem escrito, caso contrário, duvido muito que uma história que aborda as memórias de um pedófilo tornaria-se um clássico tão necessário quanto esse.

Qual será a mágica de Nabokov? Estou prestes a descobrir…

“Berlin Alexanderplatz” – Relatório de Leitura

É tão difícil escrever este post quanto acabar este livro.

Acho, inclusive, que já comentei bastante sobre a minha experiência de leitura quando escrevi a nota de conclusão. A minha maior dificuldade foi lidar com a minha própria melancolia, a qual o contato com a obra, só fez acentuar.

Imagine que você está doente, passou meses em um hospital e além disso está lendo um livro que propõe um paralelo com a fábula bíblica do “Livro de Jó”. Como se não bastasse isso, me deparo com uma grande coincidência, pois ele possui um personagem (não dou spoiler) que dramaticamente também passará por uma lesão e meses de recuperação lenta.

Entende o que eu quero dizer por “minha própria melancolia”?  Não vou mentir, confesso que quase desisti, foi então que mais uma vez a literatura me fez bem fazendo mal. E, as aventuras narradas na história fizeram com que eu ao menos me relacionasse melhor com a minha própria dor.  Foi assim que o livro rendeu, pois ao me forçar a lê-lo cresci.

É a segunda vez que isto acontece,  a primeira foi quando eu li “A Educação Sentimental” de Gustave Flaubert. Acho que sem querer, estou creditando à lista uma dimensão espiritual que a pobrezinha não possui. Deve ser coisa de pisciana…rs. Enfim, vamos ao que interessa, ou seja, as minhas outras dificuldades na leitura.

O texto é fluido, isto posto, não se trata de uma obra tão antiga quanto outras já abordadas pelo blog. Peço também um momento para fazer uma ressalva, pois quando falo que um texto é fluido, já levo em conta que trata-se de literatura clássica, e que você, leitor do blog, caso aventure-se ler, já leve isto em consideração.

Então, não briguem comigo caso Alfred Döblin não seja a cornucópia da última HQ do Wolverine, tá bom? (Quero deixar claro que amo HQ também!)

De volta ao livro, preciso mencionar algo mais: as peculiaridades da vida alemã impregnadas no texto.

Sim, existem algumas situações, trocadilhos e etc, que podem vir a passar batidas, caso não venham mencionadas na tradução. Então, se você se deparar com alguma fala ou situação que considere boba, leve em consideração que a história contada refere-se a uma população bem específica com costumes próprios e um peculiar jeito de  ser.

Creio já ter feito todos os comentários pertinentes, portanto aproveito para fazer uma observação. Antes de ler o livro, todo mundo me falou da minissérie do Fassbinder. Eu ainda não assisti, e quero compartilhar com você leitor a satisfação que foi ler este livro.

Aconselho à você que ainda não assistiu a minissérie a ler o livro antes, e se engajar nos “experimentalismos” narrativos de Döblin apenas com a imaginação, sem ter um discurso imagético como referência. Vai por mim que vale a pena!