“Lolita” – Nota de Início

Sue Lyon e James Mason na adaptação de 1962 de Stanley Kubrick – Lolita | Warner Bros

 

Taí um livro que suscita polêmica: “Lolita” de Vladmir Nabokov.

E o que mais sei sobre o livro além da polêmica?  Bom, sei que Nabokov era um exilado russo,  que possuía origens nobres. Era culto, de família bem relacionada, a qual penou bastante com revolução de 1917 e suas repercussões.

Contudo, não posso me esquecer de um detalhe bastante importante: dizem que ele domina a escrita em língua inglesa como poucos.

Polêmicas à parte, justamente por ser um romance que possui um tema tão controverso, imagino que deva se tratar de um livro muuuuuito bom.

Deve ser extremamente bem escrito, caso contrário, duvido muito que uma história que aborda as memórias de um pedófilo tornaria-se um clássico tão necessário quanto esse.

Qual será a mágica de Nabokov? Estou prestes a descobrir…

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“Almas Mortas” – Nota de Início

Nikolai Gogol autor de “Almas Mortas”

Voltamos para a Rússia! E, depois de Tolstói, a próxima descoberta é Gogol.

O que eu conheço de Gogol? Bom, alguns anos atrás fiz uma de suas peças no teatro, “O Insetor Geral”.  Gostei muito do texto, da ironia, e principalmente do quanto o tom daquela comédia clama por ousadia e criatividade na concepção do espetáculo. Foi tão gostoso! Me senti livre! Fora que os personagens e as situações lembravam o Brasil… Sem brincadeira! Parecia que eu falava do meu país.

Espero que este “Almas Mortas” seja tão divertido quanto “O Inspetor Geral”, afinal,  estou precisando de comédia na minha vida.

Não sei muito sobre a obra, vou descobrir agora. A única coisa que preciso comentar de antemão é que foi bem difícil conseguir o livro. Tive que encomendar e pagar com antecedência. Demorou um pouco a chegar, entretanto comento mais à respeito durante o relatório de leitura.

Gogol aqui vou eu!

“Berlin Alexanderplatz” – Relatório de Leitura

É tão difícil escrever este post quanto acabar este livro.

Acho, inclusive, que já comentei bastante sobre a minha experiência de leitura quando escrevi a nota de conclusão. A minha maior dificuldade foi lidar com a minha própria melancolia, a qual o contato com a obra, só fez acentuar.

Imagine que você está doente, passou meses em um hospital e além disso está lendo um livro que propõe um paralelo com a fábula bíblica do “Livro de Jó”. Como se não bastasse isso, me deparo com uma grande coincidência, pois ele possui um personagem (não dou spoiler) que dramaticamente também passará por uma lesão e meses de recuperação lenta.

Entende o que eu quero dizer por “minha própria melancolia”?  Não vou mentir, confesso que quase desisti, foi então que mais uma vez a literatura me fez bem fazendo mal. E, as aventuras narradas na história fizeram com que eu ao menos me relacionasse melhor com a minha própria dor.  Foi assim que o livro rendeu, pois ao me forçar a lê-lo cresci.

É a segunda vez que isto acontece,  a primeira foi quando eu li “A Educação Sentimental” de Gustave Flaubert. Acho que sem querer, estou creditando à lista uma dimensão espiritual que a pobrezinha não possui. Deve ser coisa de pisciana…rs. Enfim, vamos ao que interessa, ou seja, as minhas outras dificuldades na leitura.

O texto é fluido, isto posto, não se trata de uma obra tão antiga quanto outras já abordadas pelo blog. Peço também um momento para fazer uma ressalva, pois quando falo que um texto é fluido, já levo em conta que trata-se de literatura clássica, e que você, leitor do blog, caso aventure-se ler, já leve isto em consideração.

Então, não briguem comigo caso Alfred Döblin não seja a cornucópia da última HQ do Wolverine, tá bom? (Quero deixar claro que amo HQ também!)

De volta ao livro, preciso mencionar algo mais: as peculiaridades da vida alemã impregnadas no texto.

Sim, existem algumas situações, trocadilhos e etc, que podem vir a passar batidas, caso não venham mencionadas na tradução. Então, se você se deparar com alguma fala ou situação que considere boba, leve em consideração que a história contada refere-se a uma população bem específica com costumes próprios e um peculiar jeito de  ser.

Creio já ter feito todos os comentários pertinentes, portanto aproveito para fazer uma observação. Antes de ler o livro, todo mundo me falou da minissérie do Fassbinder. Eu ainda não assisti, e quero compartilhar com você leitor a satisfação que foi ler este livro.

Aconselho à você que ainda não assistiu a minissérie a ler o livro antes, e se engajar nos “experimentalismos” narrativos de Döblin apenas com a imaginação, sem ter um discurso imagético como referência. Vai por mim que vale a pena!

”Grandes Esperanças” – Nota de Conclusão

Fazia tempo que eu não lia uma história assim, bem estilo novelão. Romântica até o fim!

Devo confessar que “Grandes Esperanças” foi uma lufada de ar fresco depois de “Berlin Alexanderplatz”, o que tornou a leitura bem mais prazerosa.

Entretanto, por não estar mais habituada com este tipo de literatura, algumas reviravoltas da trama me soaram “amexicanadas” demais, difíceis de engolir, mas mesmo assim a história continua boa.

Acho que uma das coisas mais interessantes sobre o livro é a vingança que um dos personagens planeja contra o sexo masculino, a qual eu não posso comentar sem dar spoiler, então voltarei a ela mais tarde.

Fora isto, preciso comentar que terminei este livro muito rápido. Acho que a leveza do tema, bem como a clareza e universalidade do texto de Dickens cooperaram para isto, uma vez que trata-se de uma obra bem mais antiga que a de Döblin.

Sem mais delongas, posso dizer que a leitura deste livro foi ultra prazerosa. Só me fez bem!

“A morte de Ivan Ilitch” – Relatório de Leitura

Duvido que alguém chegue a ter problemas com este livro, pois pelo menos para mim a leitura foi fluida, embora algumas vezes a linguagem fosse rebuscada.

Creio que a tradução faz com que este tipo de coisa seja amenizada ou acentuada. No caso, a minha era da década de 70, por isso dei várias “empacadas” durante a leitura.  Nada que comprometesse o entendimento do texto, entretanto, a clareza do mesmo não foi de 100%, pois minha versão foi bem datada trazendo expressões linguísticas que há muito saíram de uso corrente.

Outra coisa que vale salientar, é o tamanho da obra: trata-se de um livro muito pequeno, não se leva tanto tempo para ler. Por ter poucas páginas, seu tamanho reduzido faz com que seja fácil carregá-lo pra cima e pra baixo e isto facilita a leitura.

Eu o lia sempre que encontrava oportunidade, o que me permitiu relaxar, e encarar o livro não com o peso de ser uma “obra de Tolstói”, mas com o prazer de ser o meu companheiro nos intervalos do dia-a-dia.

“Grandes Esperanças” – Nota de Início

Vamos para uma leitura mais leve do que “Berlin Alexanderplatz”? Que tal algo mais romântico? Escolhi “Grandes Esperanças” de Charles Dickens.

Dickens é um gigante da literatura em língua inglesa. Estou ansiosa para conhecer o livro, pois já assisti ao filme, o qual aliás possui infindáveis adaptações.

Eu sou fã desta que ilustra o post. Ela é dos anos 90 e foi dirigida por Alfono Cuarón. Eu adoro a forma como ele trabalha a fotografia com variados tons de verde. Só a imagem já me desperta boas lembranças.

 

Vou aproveitar a chuva, levantar, me servir de uma xícara de chá e mergulhar em mais uma grande e imortal história de amor.

 

“Berlin Alexanderplatz” – Nota de Conclusão

BERLIN ALEXANDERPLATZ, Gunter Lamprecht, Franz Buchreiser, Elisabeth Trissenaar, 1980

 

Terminei.  Demorei algumas semanas para escrever sobre esta obra, pois creio que ainda o digeria.

Ele foi intenso, foi triste, foi forte. Se eu fosse resumí-lo  em uma palavra seria : “melancolia”. Não apenas pelo peso da história do livro, mas da minha própria. Neste momento da vida, estando acamada, o drama de Franz me tocou de forma diferente da qual teria tocado se eu estivesse saudável.

Não vou mentir, foi complexo me relacionar com este livro. Penso até que deveria ter optado por uma leitura mais leve, dada a minha atual situação, mas resolvi encarar o desafio e acabei me olhando no espelho.  Vislumbrei minhas próprias limitações e angústias. Me identifiquei com Biberkopf.

A pior parte, penso ter sido a crise de fé a qual a obra inevitavelmente induz o leitor quando atrela a história ao drama do “Livro de Jó”. Não se engane: você vai se questionar, você vai ficar impaciente e vai se remoer.  Afinal de contas, é impossível não questionar a fé quando diante da dor e do sofrimento.

No que tange a religião, é oportuno lembrar que o autor  nasceu judeu e posteriormente converteu-se ao cristianismo, o que acrescenta à obra uma outra dimensão quando lembramos que o texto sagrado ao qual se refere é comum a ambas as religiões.

Apesar da nota de sabor triste que deixou em mim, “Berlin Alexanderplatz” foi divino, foi doloroso e sobretudo libertador.