Acabou. Ou não? Explico: o mergulho proposto por Pessoa deixa marcas indeléveis na nossa forma de perceber o mundo. Uma chuva caindo ao final da tarde, não é apenas “uma chuva caindo no final da tarde”, ela passa a ser também todas as sensações que evoca. Tudo isto graças ao caráter extremamente sensível de Fernando Pessoa, o qual nos convida a uma espécie de reflexão amorosa sobre o ato de desfrutar a experiência da existência.
Há sempre um algo mais. E esta ânsia por este algo mais, por esta sensação, por esta emoção e por este sentido, não seria de certa forma o próprio motor propulsório de toda a criação do intelecto? De todo o seu expirar e respirar? Neste sentido, Pessoa quis insinuar de forma sutil, que todos os momentos são importantes, sem restrição, e que todos eles nos comunicam algo que pode à partir de uma elaboração mais cuidadosa nos fazer chegar as profundas e misteriosas verdades que cercam o existir
Isto me fez chegar a uma epifânia. A de que de certa forma este blog também é o meu “Livro do desassossego” pessoal. Minha busca por um sentido mais profundo através das sensações que todas estas obras me trazem. Foi mais do que uma leitura, foi uma revelação.