O blog está indo mais rápido do que eu esperava (Amém! Que continue assim!), e para não fugir muito à ordem da lista – não que seja essencial segui-la – agora lerei o terceiro livro citado: “Eneida” de Virgílio.
Mais do que um poema épico, este é um livro sobre o nascimento do ocidente. Não de mitos, de ídolos ou seu nascimento simbólico. Afirmo aqui o nascimento da sua identidade, a qual perdura até hoje. Lácio, o consolo o esconderijo. O ocidente, a porção de terra onde o sol se põe, a escuridão, a Hespéria, o refúgio. E ele continua sendo até hoje o refúgio sonhado por muitos exilados, perseguidos, e refugiados. Aqui onde a liberdade figura, não no seu ápice mais no melhor entendimento possível que se tem dela. E se o melhor que conseguimos fazer, nós, nossos ancestrais e nossas contribuições individuais, ainda está longe do ideal é porque aqui, ainda podemos refletir, sonhar, colocar em prática o que quisermos, nós nos permitimos isso. Aqui as sementes da mudança ainda podem germinar. Essa não é uma conquista individual, é coletiva. E a possibilidade da mudança pode ser o único patrimônio que ainda deixaremos aos que se seguirem a nós.
O Ocidente nasceu como um refúgio do velho mundo (Ásia e África) anterior ao velho mundo (Europa). Abandonar o que foi perdido e lutar para construir algo novo, conservando o que há de melhor. Esse é o sentido de Eneida, esses somos nós.
Estou cheia de vontade de ler este livro. A estrutura em versos, não me intimida tanto quanto deixar passar algum detalhe ou referência maior por não estar aclimatizada, ou possuir uma fluência tão grande assim em mitologia antiga. Sim, sei algo por causa do teatro, mas gostaria de saber muito mais. Espero que isso não comprometa a minha experiência de leitura. Ademais, tenho o Google e amigos prestativos que atendem meus telefonemas e prontamente ajudam-me neste particular. Talvez esta ansiedade seja exagerada, mas a sabedoria antiga é algo que ao mesmo tempo desperta curiosidade e fascina. Não tenho como não devanear…